quinta-feira, 27 de setembro de 2012

pelo prazer de dissecar

já há algum tempo ouço lucas santtana embora tenha conhecido o trabalho do músico há poucos anos. é que quando gosto, disseco, quero tudo, ouço tudo, pesquiso, busco conhecer. e ouvindo e conhecendo dá pra identificar o som, a pegada, as melodias e as letras e as cadências. gosto dessa identidade que alguns músicos carregam, ela não é minimizadora do artista, ela dá continuidade, confere até alguma credibilidade, porque tá lá a marca do cara, a cara dele. são muitos os músicos e compositores e intérpretes que têm isso sem se tornarem repetitivos, cansativos e enfadonhos. 
a música popular brasileira (digo da não erudita) contemporânea está à disposição para quem quiser ouvir -- via liberação de alguns músicos pra quem quiser baixar de graça -- o entrosamento entre os músicos que a fazem. céu é parceira musical e casada com gui amabis que tem composições em parceria com lucas santtana que se apresenta com alguns da banda do amor cujo integrante marcelo callado é casado com a nina becker que faz parte da orquestra imperial que tem também a cantora thalma de freitas que já gravou com integrantes da nação zumbi, os três na massa, cujo baterista é o pupillo que hoje tá tocando com a marisa monte que é parceira de arnaldo antunes que já teve como seu baterista o curumin que é casado com a anelis assumpção que é filha do itamar... uma teia sem fim. e deliciosamente enriquecedora pra quem gosta da música do brasil. 
eu gosto. e muito. aprecio mesmo. e por tanto apreço, ontem, voltando do trabalho e tendo o momento do dia que mais gosto -- caminhar ouvindo música -- percebi que a música streets bloom gravada pela céu no seu mais novo disco é do lucas santtana. e não fiquei surpresa hoje quando confirmei o que meu hábito de dissecar tinha me dito.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

o que desimporta


você não me conhece. você não sabe quem eu sou. você não sabe de onde eu venho, e nem quer saber. você não tem a mais vaga ideia do que eu quero, e nem quer ter. eu não quero me mostrar pra você. eu não quero te conhecer. não quero ser sua amiga. não quero saber dos seus problemas nem das suas alegrias. não tenho interesse pelo que você pensa. você é desimportante pra mim e ainda assim me faz mal. sua opinião não conta. você não conhece generosidade. você me julga sem me conhecer. você acha que sabe de tudo o que acontece dentro dos limites das paredes dos seus domínios. você fala e não ouve. eu não quero ser como você. eu não te admiro. eu não gosto de você.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

às perguntas

sei que você (acha que) tem muita certeza de tudo o que sente por ele (ok, ninguém tem tanta certeza de tudo assim), e que no fundo no fundo, principalmente diante das perguntas que vou te fazer no intuito de que VOCÊ se faça as mesmas, posso te causar uma forte irritação por estar me metendo numa coisa que é tão sua e com a qual eu não teria nada a ver. mas não adianta, você me envolve quando me conta tudo e me convida a participar, e eu me envolvo porque é da minha personalidade dar ouvidos, dar atenção e fazer parte, o meu sentimento por você se manifesta. e definitivamente não estou tentando te apontar defeitos e falhas, só quero te ver muito bem e sempre muito perto de mim, mesmo que geograficamente distante.

nesses últimos dias convivendo de perto e participando desse momento tão cheio de emoções à flor da pele, tentei por muitas vezes enxergar o que você já me disse e contestei no ato: que por anos você só pensou no outro e não pensou em você mesma. nesses dias todos percorrendo shoppings e lojas, eu não tive nem mesmo sua atenção para ouvir coisas banais, observações, comentários ou coisas mais profundas, até em alguns momentos em que eu falava do que você está vivendo. isso é até uma bobagem perto de tudo, mas denota e demonstra a capacidade de real envolvimento de uma pessoa na vida de outra, e principalmente: é nas pequenas coisas e comportamentos mais corriqueiros que a vida acontece e se dá. não existe um grande momento. para nada. praticamente tudo que é significativo é feito das pequenas coisas. uma cerimônia de casamento pode ser um grande momento, mas não é o casamento em si, este se dará no cotidiano, nas pequenas coisas do dia a dia, por exemplo.

acho que uma pessoa que pensa no outro está pronta pra ouvir, participar, colaborar ou discordar. não, eu não acho que você ou eu devemos pensar primeiro no outro, não é isso que tô falando. o que tô tentando é provocar uma reflexão, uma auto análise aí. 

sem dramas e sem cobranças para comigo, entenda bem, são exemplos, nesses dias todos não recebi uma gentileza sua sequer, nem sua atenção nem um café. na boate, quando você encontrou o que queria, eu nem precisava mais estar ali e só voltei a ser útil quando você precisou de ajuda pra ir pra casa. e eu estava ali por você e pra você, com todo meu coração e meus pés e meus gostos e minhas opiniões e só porque eu queria estar ali, porque eu queria ser útil e ser gentil e amiga.

será que você não se acostumou a ter sempre alguém ao seu dispor? primeiro ele fazendo tudo o que você traçava e tentando adivinhar o que iria te agradar. e depois quem estava do seu lado, sempre "de quatro", sempre disponível pra te satisfazer. será que você não se acostumou a ter sempre alguém pra te "servir"?

você se ouve? você volta pra dentro de si e se olha de verdade? você se pergunta o que realmente pensa e sente? você se auto analisa? ou você decidiu, sem uma séria reflexão, que ele é a pessoa que você quer porque afinal ele tem tantas qualidades, são tantos anos e já passou por tudo isso do seu lado então ele merece uma recompensa?

você já REFLETIU profundamente a respeito de tudo o que aconteceu? ou você viveu tudo aquilo e mais uma vez "bloqueou" uma coisa que está aí dentro e pode aflorar a qualquer momento? mais uma vez: sei que ninguém tem certeza de nada quando se trata de sentimentos, tudo pode acontecer quando se trata do humano e do animal que temos em nós. mas é preciso pensar a respeito das coisas.

só o fato de termos vivido e sofrido com uma relação ou situação por um longo período de três anos não nos dá a vivência ou a lição que precisamos se não pararmos para REFLETIR profundamente sobre o que realmente houve, sobre PORQUE tudo aconteceu, sobre como isso pode voltar a acontecer e quais as perguntas devemos nos fazer para tentar encontrar possíveis respostas. muitas vezes apenas as perguntas já esclarecem tudo.

acredito que dificilmente um adulto perto dos 30 tenha um desejo despertado em si, o satisfaça e ele morra pra sempre. repressão quando vem de fora é péssima, mas quando ela vem da gente mesmo pode causar catástrofes, pode ferir e magoar quem mais amamos por mais de uma vez. e falta de auto análise e de reflexão sobre nós mesmos pode provocar tudo isso.

me irrita muito

acho engraçado que as pessoas que mais acham blasfêmia eu dizer que a vida é uma grande bosta são as que mais reclamam de tudo: até acham legal a ideia de sair do trabalho uma hora mais cedo na véspera do feriado, mas quando lembradas de que isso acarreta em menos tempo de almoço, de pronto abrem a bocarra pra dizer "ai, que saco"; são sempre aquelas que estão se sentindo sós, precisam de amigos e parceiros; que acham os restaurantes self service carííííssimos; que se lamuriam por ter que fechar e abrir o outlook várias vezes ao dia pra funcionar e fazem questão de manifestar profunda insatisfação com essas coisinhas desagradáveis que acontecem o dia todo. 
e se eu assumo que a vida é uma bosta, mas não faço disso um drama, praticamente me chamam de herege.