sexta-feira, 30 de março de 2007

Pra quê nexo se só sei chorar?

Término é sempre término. Mesmo sabendo que há a possibilidade da volta, mesmo tendo consciência de que o outro vai voltar atrás na decisão, mesmo assim...
A gente chora, sofre, ouve uma música e se entrega pra fossa, e como sofre e chora. Repete a música-tema eleita mil vezes e acha que se chorar bastante – não importa se no ônibus ou no banheiro com a porta fechada e a luz apagada – a dor vai passar mais rápido. Triste engano. Aí a gente chega à conclusão que só mesmo o tempo, só ele, pra ajudar a doer menos. Busca-se apoio até nos pensamentos mais remotos. Concentrar em tarefas as mais complexas. Assistir tevê como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Conversar com todo tipo de gente. Buscar a biografia daquele ator do cinema de quem nunca lembro o nome. Ler as letras de todas as músicas no site dos cantores prediletos. Mexer no perfil do Orkut. Mandar e-mail pra meio mundo. Deixar scrap pra família inteira. Pensar em mil motivos pra cabeça doer tanto e não encontrar nenhum. Ouvir, agora, “Resposta ao Tempo” com a Nana Caymmi e achar que foi feita pra esses momentos... Tanta coisa, tanta emoção, tanta lágrima. Viver é isso? Acho que sim. Penso que vivo isso porque é assim que me sinto viva. Porque eu poderia simplesmente passar pelas coisas sem senti-las, sem perceber, sem sofrer. Mas se sofro é porque estou viva. Feliz ou infelizmente.


Resposta ao Tempo
[Aldir Blanc/Cristovão Bastos]
Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei

Num dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder, me esquecer

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